Sua empresa está preparada para a Era Digital?
À medida que adentramos a Era da Informação, já é praticamente um clichê afirmar que dados substituirão o petróleo como a commodity mais valiosa neste século. No entanto, muitas pessoas e empresas parecem não ter acordado para esta realidade e, se me permite continuar a analogia, seguem acreditando que um punhado de óleo de baleia será suficiente para iluminar o caminho.
Desde o século passado, temos vivido uma evolução tecnológica sem igual na história da humanidade. Hoje em dia, cada pessoa portando um celular carrega no seu bolso mais poder computacional do que a NASA possuía somando todos seus computadores nos anos 1960. Vastas quantidades de dados são produzidas a cada segundo, e sistemas ao redor do globo guardam bases enormes cobrindo praticamente todos aspectos da ação humana.
Mesmo assim, muitas empresas ainda patinam na hora de utilizar os dados que possuem à sua disposição, penando para transformá-los em informações relevantes e, principalmente, em direcionadores para decisões estratégicas. Por que isto ocorre?
É inegável que tanto as técnicas de análise (ou seja, o “software”) quanto o hardware necessário para processar tanta informação são alvo de progressos tecnológicos constantes. Mas também não se pode negar que as técnicas existentes são eficazes, eficientes e cada vez mais facilmente acessíveis, como demonstram centenas de startups e grandes players do mercado. Daí podemos concluir que a dificuldade das empresas não é uma questão restrita apenas à tecnologia.
Oras, mas se os equipamentos necessários são relativamente baratos, e as técnicas de análise estão ao alcance de meia dúzia de cliques, então por que não temos um Google em cada esquina? A resposta está, como sempre, em dois pontos chave para qualquer organização – pessoas e gestão.
Uma das maiores dificuldades que qualquer empresa enfrenta hoje em dia é atrair e reter pessoas talentosas e motivadas. A situação é ainda mais complicada quando se busca profissionais das áreas de tecnologia, e os motivos para isso são variados. Talvez entre os principais estejam as já conhecidas deficiências no nosso sistema educacional, especialmente no que tange às ciências exatas. Outro fator é a alta mobilidade internacional dos profissionais do setor, uma vez que tecnologia é uma linguagem mundial. Isso coloca empresas brasileiras em uma competição desigual com países que podem oferecer melhores condições de trabalho, tornando a mão de obra ainda mais escassa por aqui.
Há de se ressaltar também que uma boa equipe de análise quase sempre será multidisciplinar, já que a maioria dos profissionais de TI não dominam conhecimentos sobre o mercado e o negócio das empresas em que atuam. Não podemos simplesmente esperar que eles sejam capazes de modelar informações e extrair insights, sem que haja orientação de gente preparada e que conheça bem os problemas e os objetivos da organização. E não podemos falar em problemas e objetivos sem abordar alguns aspectos relacionados à gestão do negócio, afinal, gerenciar é sinônimo de resolver problemas e atingir metas.
Na minha trajetória de consultor, não foram poucas as vezes em que vi gestores andando em círculos junto com suas equipes. É aqui que frequentemente se encontra a parcela de “culpa” atribuível à média e alta gerência, que muitas vezes se perdem na correria do dia a dia e deixam de lado o foco nas questões fundamentais. É muito fácil para um chefe nessa posição cobrar seus funcionários e exigir respostas, mas o verdadeiro líder se difere do chefe quando sabe fazer as perguntas corretas. E para que possa fazer as perguntas corretas, é preciso que saiba onde está e onde quer chegar.
No fim das contas, uma equipe forte em análise de dados é como um aparelho de GPS – ajuda a empresa a entender onde está e qual caminho deve seguir. Mas assim como ocorre num GPS, se ninguém escolher um destino a tela apresentará apenas um mapa sem significado.