Seu negócio é antifrágil?
É possível crescer na crise? Momentos de crise, como os que estamos vivendo com a pandemia do Coronavírus, trazem mais ameaças ou oportunidades aos negócios? Talvez estas sejam as perguntas mais constantes em nossos debates diários com clientes, parceiros e colegas de conselhos e organizações em que participamos.
Não há dúvidas de que para enfrentar qualquer crise toda organização necessita de uma estratégia bem elaborada para garantir a continuidade dos negócios. Mas então, o que diferencia uma organização de outra na sua capacidade de vencer a crise? Por que muitas sucumbem, outras sobrevivem e poucas aproveitam a crise para crescer ainda mais?
O conceito ANTIFRÁGIL, lançado por Nacim Nicholas Taleb reflete o pensamento que é possível sair mais forte, crescer e tirar vantagens em tempos difíceis. Segundo o autor, podemos categorizar as diferentes formas de se responder a um período de crise em três categorias: resiliente, frágil e antifrágil. Os sistemas frágeis se sucumbem, sistemas resilientes resistem e sistemas antifrágeis se beneficiam da crise e crescem.
Conforme o conceito proposto, o oposto de frágil não é forte, mas sim antifrágil. Enquanto o que é frágil se perde, se deteriora em meio ao caos, o antifrágil se beneficia do caos e aproveita para criar as oportunidades e crescer na crise. Por muito tempo se falava em resiliência, mas a antifragilidade é um passo além, considerando que a resiliência é a capacidade da pessoa ou negócio de suportar as pressões sem sofrer alteração, na antifragilidade, a mente é desafiada a se aprimorar e a desenvolver habilidades ao invés de esperar para ver o que acontece. Também é necessário antecipar ações que irão manter a organização ativa no meio do caos e estar pronto para alçar voos mais altos, mesmo que isso signifique recuar um pouco para ganhar velocidade.
Trazendo para a realidade econômica caótica de hoje, o empresário que é antifrágil em meio à crise, quando percebe que a sua empresa não vai bem e está com problemas de liquidez, não vai esperar o problema se agravar, é o momento para negociar prazos, novas taxas, pensar em quebras de paradigmas e ter a mente aberta as mudanças, criando novos produtos, novos cenários, inovando e reformulando as suas estratégias e portfólio de negócios.
Diversas empresas estão crescendo durante a crise da pandemia do COVID-19, vejamos alguns casos práticos apresentados na reportagem 5 empresas que ficaram mais digitais e competitivas no meio da pandemia da Exame e no post 7 empresas que estão inovando durante a crise do coronavírus da GoBacklog:
MRV Engenharia
A empresa enxergou a necessidade de reinventar as maneiras de convivência e lançou a campanha #FiqueEmCasa. Na campanha, ela preparou seus canais digitais para que a busca pela compra de apartamentos e todo o processo de documentação fossem feitos de maneira totalmente online. Mesmo com o fechamento dos stands de vendas a companhia reportou um aumento de 28% em suas vendas em comparação aos três primeiros meses do ano passado, graças a implantação do projeto.
OZLLO
Trata-se de um marketplace de roupas e acessórios de luxo que conseguiu crescer com uma simples fórmula: atrair marcas de roupa “offline” fechadas por causa das regras de distanciamento social. A estratégia de captação aumentou o número de empresas parceiras e pessoas físicas que anunciaram no site. Para expandir a aderência, a empresa também criou um banco de cerca de 100 influenciadoras digitais que anunciaram a marca em troca de uma porcentagem nas vendas. Além disso, a Ozllo fechou parceria com a empresa de cosméticos Sephora, que forneceu brindes a serem adicionados às compras do site.
Nike
Fortaleceu digitalmente gerando uma expansão de 36% das vendas em seu comércio eletrônico, durante o primeiro trimestre da pandemia. A empresa impulsionou suas operações on-line ativando maneiras digitais de estabelecer conexão com seus clientes, como por exemplo, aumentando o engajamento deles nos treinos do app Nike Training Club com a rede de treinadores especialistas da empresa. Apenas na China, o número de usuários ativos semanalmente em todos os aplicativos de atividade da Nike subiu 80%, gerando uma receita de US$ 10,1 bilhões no final do primeiro trimestre, o que estava totalmente fora do esperado.
Com culturas abertas ao novo e forte foco no cliente, os líderes destas empresas estão utilizando toda a energia de seus times para desenvolver novas soluções e resolver os problemas atuais de seus clientes neste momento de pandemia.
Sabemos que alguns setores da economia são mais suscetíveis aos efeitos de uma crise como esta que estamos enfrentando. Mesmo assim, nestes setores, temos visto casos de organizações antifrágeis, com líderes que não se abalam com os desafios e engajam seus times em uma gestão implacável para colocar em prática o velho ditado que diz assim: “é em tempos de crise que se cresce”.
Autores:
Eduardo Baltar
Atualmente CEO da MERITHU, é também Mentor da ENDEAVOR, membro do Conselho Consultivo da FEJERS e consultor voluntário no projeto Avante da Brigada Militar RS, atuando com consultoria de gestão durante 23 anos de trajetória, auxiliou mais de 50 organizações, de diversos segmentos e setores, a desenvolver estratégias e a superar metas de melhoria de resultados operacionais. É Administrador de Empresas formado pela PUCRS, especialista em Marketing pela ESPM, tem formação Executiva em Strategy And Business Innovation pela Wharton School, Strategy and Leadership pela INSEAD, além de contar com formação para Conselheiro de Administração pelo IBGC.
Alexsandra Moresco
Atualmente é consultora no Rio Grande do Sul da MERITHU Consultoria. Durante seus 4 anos de experiência atuou em projetos como DEFS Escolar, Núcleo de Extensão em Tribunais Simulados (NETS) e Competição de Arbitragem Empresarial (CAEMP). É graduanda em Ciências Jurídicas e Sociais na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).