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Inovação: sobrevivência ou morte

Inovação: sobrevivência ou morte

“Inovação é habilidade de ver a mudança como uma oportunidade – não como uma ameaça”. Frase dita pelo Steve Jobs, fundador da Apple que hoje é uma referência quando se trata de inovação.

 

Talvez nunca na história da humanidade a palavra inovação seja tão falada e usada como nos dias de hoje. De alguma forma, a inovação sempre acompanhou o homem ao longo da sua trajetória evolutiva, por exemplo, com a pólvora, a roda, a luz elétrica, as máquinas à vapor e ferrovias que foram inovações que impactaram significativamente a sociedade na época de suas invenções. No entanto, o que diferencia as inovações do passado com as atuais? Segundo artigo intitulado Innovation-strategies-for-the-age-of-digital-disruption da Harvard Business Review, é o potencial de escala e agilidade com que essas inovações estão sujeitas que as torna diferente do que ocorria no passado. David Butler, ex vice-presidente de inovação e empreendedorismo da Coca-Cola Company, em seu livro Design para Crescer, fala que os vencedores do amanhã serão aqueles que souberem combinar escala e agilidade para responder às condições de mercado em rápida mudança.

 

De acordo com o artigo 2018 Corporate Longevity Forecast: Creative Destruction is Accelerating publicado pelo Innosight, em uma pesquisa feita ao longo dos anos as empresas do S&P 500 (500 empresas mais valiosas da bolsa de valores americana) a expectativa da empresa de estar na lista do S&P500 que era de 33 anos no ano de 1964, em 2016 foi de 24 anos e a previsão para o ano de 2027 é de 12 anos. A redução dessa expectativa de vida das empresas na lista é em parte impulsionada por uma combinação complexa de mudanças tecnológicas e choques econômicos, alguns dos quais estão além do controle dos líderes corporativos. Porém, frequentemente, as empresas perdem oportunidades de se adaptar ou aproveitar essas mudanças por meio da inovação econômica. Por exemplo, eles continuam a aplicar os modelos de negócios existentes a novos mercados, são lentos para responder a concorrentes disruptivos em segmentos de baixo lucro ou não conseguem prever e investir adequadamente em novas áreas de crescimento que muitas vezes levam uma década ou mais para serem recompensados.

 

Isso pode ser explicado pelo fato de estarmos atravessando um período de mudança nunca visto na história da humanidade. Segundo Larry Keeley, autor do livro 10 tipo de Inovação, no passado, mudanças demorariam anos ou mesmo décadas para ocorrer ao passo que hoje toda indústria pode sofrer disrupções em meses. Além disso, o autor reforça que a sobrevivência a essas transformações depende principalmente da capacidade da empresa em inovar, ou seja, evolui, adaptar e melhorar. Nesse ponto podemos dividir em dois tipos de inovação: Incremental e Radical. Ainda não podemos afirmar que um tipo garante acesso ou permanência de forma mais eficiente na lista da S&P 500.

 

Pedro Waengertner, em seu livro Inovação Radical, conclui que, ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, empresas como Facebook e Netflix não inovam por meio da tecnologia e sim por meio de talentos. A inovação é uma habilidade a se adquirida pelas organizações e o papel das lideranças nesse processo de transição é fundamental, pois são a partir deles que deve vir a iniciativa na mudança de pensamento completamente diferente do tradicional corporativo. Portanto, a capacitação deve vir de cima para baixo, isto é, da alta direção para a operação. No processo de transformação a partir da inovação radical é fundamental a compreensão das relações humanas no tempo dessa mudança.

 

O consenso é uma ferramenta fundamental de alinhamento de equipe. Todavia, se quisermos inovação radical, devemos divergir na fase de análise, estudos, avaliações e experiências. Sob pena de estarmos apenas fazendo um pouco melhor o que já fazemos (e isso não é necessariamente ruim).

 

 

Figura 1. Curva da Inovação Radical

 

Por outro lado, uma vez encontrada o caminho, o desafio passa a ser a convergência, o alinhamento, o consenso. Como conduzir isso tudo para uma divergência positiva? Onde você avalia apenas a ideia e não faz juízo de valor do proponente? Difícil? Sim! Impossível? Não. Mas quase! Um a das saídas é pedir ajuda em ambas as fases do processo, especialmente de alguém de fora do processo.

 

É importante destacar que nem todas as pessoas possuem um perfil voltado para lidar com o imprevisível, ou seja, estar na linha de frente da inovação. Algumas pessoas têm o perfil voltado mais para atividades rotineiras com maior previsibilidade o que é completamente normal dentro de uma organização. Cabe ao líder das equipes identificar estes perfis e alocar os talentos de forma adequada dentro dos seus times

 

Como a inovação depende de pessoas, essa transformação da organização para uma mentalidade mais inovadora tem influência direta na mudança de cultura da empresa. Não podemos exigir que da noite para o dia a empresa se torne inovadora. É um processo lento e gradual que é essencial para um mercado onde as vantagens competitivas são cada vez mais difíceis de criar e manter. Portanto a cultura, valor e a missão de uma organização acabam se tornando o principal meio de para enfrentar a concorrência e inovar em meio à essa transformação sem precedentes no mundo dos negócios.

 

Bibliografia:

 

  • OTERO, Marc Alba. 3 Innovation Strategies for the Age of Digital Disruption. Harvard Business Review, 2019. Disponível em: <https://hbr.org/sponsored/2019/11/3-innovation-strategies-for-the-age-of-digital-disruption/>. Acesso em: 13 de set. de 2020.
  • Butler,D; Tischler, L. Design para Crescer: 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Alta Books, 2015.
  • Anthony, Scott D. et al. 2018 Corporate Longevity Forecast: Creative Destruction is Accelerating. Innosight, 2018. Disponível em: <https://www.innosight.com/insight/creative-destruction/>. Acesso em: 13 de set. de 2020
  • Keeley, L.; Pikkel, Q.; Quinn, B. Dez Tipos de Inovação: 1. ed. São Paulo: DVD Editora, 2015
  • Waengertner, P. Inovação Radical: 1. ed. São Paulo: Editora Gente, 2018.

 

 

Autores:

 

 

Daniel Rigon

 

É Consultor Master da MERITHU Consultoria. Durante seus 20 anos de experiência em consultorias e como executivo de empresas de setores de tecnologia da informação, cerâmico, automotivo, energia, administração pública etc, nas áreas estratégicas e de gestão de CAPEX, obtendo resultados sustentáveis por onde atuou. É Mestre em Gestão pela Unisinos e pelo Institut d’Administration des Entreprises – Université de Poitiers/France  e pós graduado em estratégia empresarial pela Escola de Administração de São Paulo. Possui certificado PMP (Project Management Professional) pelo PMI.

 

 

Nilo Okido

 

Consultor da MERITHU Consultoria no Rio Grande do Sul. Durante sua trajetória profissional, auxiliou no desenvolvimento e melhoria de produtos, qualificação de fornecedores, e mapeamento de processos. Possui experiência nas áreas de indústria eletrônica e varejo de moda. É Engenheiro Mecânico graduado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com mobilidade na Shibaura Institute of Technology em Tóquio no Japão

 

 

 

 

MERITHU Consultoria

Somos uma empresa de Consultoria que acredita que o desenvolvimento humano é o principal fator de geração de Resultados para uma organização.

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