“No mundo de hoje, não é o peixe grande que come o peixe pequeno, e sim o peixe rápido que come o peixe lento”. Essa metáfora ganhou notoriedade a partir da fala do criador do World Economic Forum de Davos, Klaus Schwab, e não poderia ser mais precisa. Já é consenso que no novo mundo a capacidade de adaptar-se é imprescindível.
Cresce no meio empresarial a consciência de que incorporar tecnologias digitais nos seus processos é vital para a competitividade e sobrevivência das organizações. Grandes empresas já estão avançando neste caminho, investindo em Artificial Intelligence, Internet of Things e Big Data. Outras investem em startups, firmam parcerias com centros de referência em tecnologia ou até mesmo criam os seus próprios hubs tecnológicos.
Tais movimentos não são uma necessidade ou um privilégio apenas das grandes empresas. Pequenas e médias empresas podem e devem investir em tecnologias digitais, através de iniciativas graduais de baixo custo, que tragam resultados rápidos. Além disso, atualmente existem linhas de financiamento para planos de digitalização, especialmente em inovações voltadas à experiência do cliente, como forma de incentivo às empresas menores, para que possam capturar melhor as oportunidades e elevar o patamar de qualidade de serviço. Por que, então, muitas vezes é tão difícil iniciar este movimento de forma adequada?
O desafio
Empresas tradicionais tipicamente enfrentam uma maior dificuldade ao tentar adotar uma estratégia de transformação digital. Isso ocorre, na maioria das vezes, pelo simples fato de as pessoas não acreditarem que a mudança é algo necessário naquele momento. Pensam que o sucesso do passado é argumento suficiente para não inovar. Os líderes costumam se sentir receosos de investir em transformação digital, por não terem total compreensão da relevância desse tema para a sobrevivência da empresa. A inovação no ambiente de negócios acontece em ritmo exponencial e é preciso acompanhar.
A importância do planejamento
Tendo isso em vista, o investimento em transformação digital requer planejamento, devendo estar alinhado aos objetivos estratégicos da organização. É necessário avaliar o nível de maturidade da empresa, envolvendo os níveis superiores, sob pena do resultado ficar abaixo do esperado e os projetos serem desacreditados. Todos devem estar na mesma página e não pode haver dúvidas que o caminho a ser seguido envolve uma mudança total de cultura e mindset. Muitas empresas, inclusive, tiram da rotina parte de seus colaboradores para “intraempreenderem” e não serem influenciados pelos paradigmas e resistências de outros colegas.
O primeiro impulso no sentido de implementar uma estratégia digital é adotar soluções tecnológicas, apenas para testá-las ou, pior, investir em tecnologias sem antes eliminar desperdícios e promover as melhorias necessárias nos processos e nos fluxos de informação. Transformação digital não é uma questão apenas de tecnologia, é uma questão de estratégia, é algo sistêmico e não é nada fácil de ser implementada.
Muitos empresários pensam que as tecnologias irão resolver todos os seus problemas. No entanto, problemas se resolvem com gestão e as tecnologias são apenas um meio para alcançar novos patamares de resultado. Tecnologia e gestão devem sempre andar juntas, ainda mais nos dias de hoje.
O cliente no centro
A chave é incluir na estratégia não apenas a digitalização dos processos existentes, que está cada vez mais acessível, mas também a inovação em seu modelo de negócio, estruturando projetos com ciclo de vida adaptativo, através de metodologias ágeis. Para isso, há diversos frameworks que facilitam a inovação e tem em comum a criação de uma proposta de valor que coloque a satisfação do cliente no centro do negócio. Design Thinking, Ideation, Prototipagem e Storytelling são algumas metodologias que podem ajudar. É comum seguir a abordagem do Produto Minimamente Viável (MVP), para lançar rapidamente uma mudança que agregue valor ao cliente, seja ele externo ou interno, e corrigir a rota com base na resposta desse cliente.
A nova era dos negócios é a tecnologia da produtividade, de soluções de gestão e planejamento estratégico, baseadas em ferramentas de análise, inovação e digitalização de processos e que tragam resultados práticos. Transformação digital é uma realidade que não está mais batendo nas nossas portas, já invadiu as nossas empresas e está nos obrigando a mudar o nosso mindset e a forma como nos relacionamos com os nossos clientes.
Referências
“Transformação Digital, repensando o seu negócio para a era digital” David L. Rogers (2017)
HARVARD BUSINESS REVIEW https://hbr.org/2019/10/the-two-big-reasons-that-digital-transformations-fail (2019)
FORBES https://www.forbes.com/sites/phillewis1/2019/07/31/where-businesses-go-wrong-with-digital-transformation/#566dee5170bb (2019)
Curso Transformação Digital – Clash DI (2020)
Autores:
Alessandro Albiero
Atualmente Sócio-Diretor da MERITHU Consultoria, é também sócio fundador da Brasil Sem Grades¹. Durante sua trajetória profissional, atuou nas áreas de planejamento empresarial, métodos avançados de melhoria de resultados, na gestão de receita, custos, despesas, capital empregado e otimização de processos. Participou de mais de 50 projetos, no Brasil e no exterior, em diversos segmentos. É Engenheiro Eletricista, formado pela PUCRS, com ênfase em Eletrônica.
¹Organização não governamental, sem fins lucrativos, que tem como missão despertar a consciência da população brasileira através do desenvolvimento social e de ações voltadas para o combate às causas da criminalidade.
Alexandre Rodrigues Conill Gomes
Atualmente é consultor no Rio Grande do Sul da MERITHU Consultoria. Durante sua trajetória, atuou na área de vendas e engenharia de processos, enquanto que no setor público trabalhou no nível central da vigilância da qualidade da água na Secretaria da Saúde do RS, auxiliando a coordenação das ações de todo o estado. É formado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com mobilidade na University College Dublin, na Irlanda. Atualmente cursa MBA em Gestão de Projetos na Unisinos.