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Pandemia: retrocesso na luta pela igualdade de gêneros

Pandemia: retrocesso na luta pela igualdade de gêneros

Durante anos as mulheres vêm conquistando seu espaço no mercado de trabalho e lutando contra a desigualdade de gênero. Apesar desta igualdade ainda não ter sido atingida em diversas esferas, o que já caminhava a passos lentos ficou estagnado com a chegada da pandemia.

 

 

Dupla Jornada

 

É inegável que a pandemia atingiu homens e mulheres de formas diferentes. Com as restrições implementadas para conter o vírus, as mulheres precisaram adaptar seus horários para se dedicarem à jornada de trabalho, a cuidados com a casa e com os filhos. Com a chegada da pandemia, essa carga aumentou ainda mais. De acordo com a ONU Mulheres, em média, as mulheres faziam três vezes mais cuidados não remunerados do que os homens em casa, mesmo antes do COVID-19.

 

Surge a reflexão sobre a existência de uma fronteira entre a vida profissional e a vida pessoal, quando as tarefas começam a acumular em casa. A preocupação com as finanças, vida profissional e cuidados domésticos intensificam o cotidiano da mulher nesta crise do Covid-19. De acordo com a Consultoria Filhos no Currículo  em parceria com o movimento Mulher 360, 84.47% dos pais e mães possuíam suporte antes da pandemia, sendo ele escolas ou creches, o que deixou de acontecer logo no início da pandemia. A desigualdade de gênero no cenário de conciliação do trabalho com os filhos é evidente na maneira com a qual homens e mulheres percebem a rotina: 50% dos homens afirmam que essa conciliação é tarefa fácil, enquanto apenas 33% das mulheres afirmam o mesmo.

 

Além disso, a sobrecarga de trabalho no acúmulo dessas funções pode fazer com que muitas mulheres percam produtividade no trabalho e, mais adiante, a oportunidade de serem promovidas. Exemplo disso é a redução do número de artigos científicos publicados por mulheres nos últimos meses, enquanto a publicação dos homens aumentou, reduzindo chances de trabalho ou bolsas de estudo para as mulheres no futuro.

 

“É preciso transformar a mentalidade de que cuidar dos filhos é uma responsabilidade exclusiva da mulher, engajar as empresas e a sociedade para essa discussão”, afirma Margareth Goldenberg, gestora executiva do Movimento Mulher 360. O home office pode ser bem positivo para todos, se bem organizado. É preciso diminuir o ritmo estressante das mulheres, diminuindo a desigualdade em relação à divisão das tarefas de casa.

 

 

Como fica o mercado de trabalho no pós-pandemia?

 

A ONG global Catalyst passou 10 anos acompanhando a carreira de 10 mil graduados em MBA. De acordo com Allyson Zimmermann, diretora da Catalyst, “O sistema está ultrapassado. E, quando você olha para isso, é do interesse das empresas encontrar um novo normal no local de trabalho pós-Covid”. Na análise, notou-se que a falta de opções flexíveis de trabalho para as mulheres quando se tornam mães afeta a motivação e desempenho no trabalho.

 

A ONU Mulheres vem publicando documentos com uma série de recomendações para que os efeitos da pandemia sejam minimizados no que diz respeito a desigualdade de gêneros. Entre as ações propostas estão o compartilhamento dos cuidados da casa e ações que devem ser tomadas pelos governos como a inclusão das mulheres na tomada de decisões relacionadas a formulação de políticas.

 

É necessário que os governos e as lideranças reafirmem seu compromisso com a diversidade, igualdade de gêneros e inclusão. Com o foco da retomada sendo exclusivo em eficiência e lucro, sem um olhar cuidadoso para estes fatores, corremos o risco de perder décadas de avanço no campo da igualdade, gerando implicações sérias no longo prazo.

 

A pandemia nos trouxe a oportunidade de provar que um modelo mais flexível de trabalho funciona bem e pode trazer uma vida mais equilibrada e saudável para uma boa parcela da sociedade. Grandes líderes mulheres tem se destacado nesse período, mas é necessário nutrir a próxima geração para que tenhamos mulheres atuando no topo em 10 ou 20 anos.

 

 

 

Autores:

 

 

 Geraldine Cornutti

 

É Consultora Pleno na MERITHU. Durante seus 10 anos de trajetória, atuou em empresas nacionais e multinacionais, adquirindo experiência em planejamento, gestão e controladoria, redução de despesas e custos, estruturação e implantação de modelo de gestão e mapeamento de processos.
É Engenheira Química, especialista em Controladoria de Gestão e Mestre em Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão de Custos, pela UFRGS.

 

 

Alexsandra Schmidt

 

É Consultora Júnior na MERITHU. Durante seus 4 anos de trajetória, auxiliou empresas em áreas como gestão de projetos, análise de indicadores, mapeamento e redesenho de processos, gestão financeira, gestão de estoques e formulação estratégica. É Engenheira de Produção formada pela UFRGS.

 

MERITHU Consultoria

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