Quando falamos de energia renovável, o Brasil é um dos líderes mundiais. Somos o terceiro país do mundo em capacidade instalada e em geração, com 87% da energia gerada por fontes renováveis, o que consolida a nossa matriz energética como uma das mais limpas do mundo. Isso se deve à grande quantidade de hidrelétricas, que representam 71% da geração de energia elétrica do país.
Fonte: Elaboração própria com dados de 2020 extraídos da ONS.
Ter uma matriz energética concentrada em fontes renováveis é invejável, muitos países vêm trabalhando para atingir essa marca. Mas a concentração em hidrelétricas é um ponto de alerta, pois cria uma dependência de questões climáticas e ambientais, visto que é fundamental que os reservatórios das usinas estejam bem abastecidos para uma geração adequada de energia. O resultado dessa dependência são os alertas de emergência hídrica emitidos anualmente nos períodos de seca.
Aliado a essas questões climáticas que podem reduzir a geração energética, há a perda de energia após a geração. De acordo com a ANEEL, 13,5% da energia gerada no Brasil é perdida por questões de ineficiência energética (na transmissão e distribuição), o que representa praticamente toda a energia produzida por ITAIPU em um ano. Ou seja, dado o cenário atual, é essencial que tanto o Governo quanto as empresas privadas invistam em eficiência energética.
Mas o que é Eficiência Energética e como medimos?
Eficiência energética é fazer mais com menos, ou seja, melhorar o uso das fontes de energia, usando de modo eficiente a energia para se obter um determinado resultado. Por definição, a eficiência energética consiste da relação entre a quantidade de energia empregada em uma atividade e aquela disponibilizada para sua realização.
A eficiência energética de um setor produtivo ou de um país é medida pelo ODEX (Odyssee Energy Efficiency Index), índice de conservação de energia que considera a variação de indicadores de consumo e pondera em relação ao peso no consumo. De acordo com o Atlas da Eficiência Energética do Brasil 2020, o Brasil ficou 14% mais eficiente energeticamente de 2005, quando esse indicador foi criado, até 2019. Os setores de transportes e residencial tiveram o melhor desempenho, com 19% e 20% de aumento de eficiência energética, respectivamente. Já o setor industrial teve uma evolução pequena, melhorando sua performance de eficiência energética em somente 7% nesse mesmo período.
Fonte: Elaborado por EPE
Quando comparamos com o ganho de eficiência energética de outros países, é possível perceber que nosso ritmo está adequado. De acordo com a European Environment Agency (EEA), a União Europeia ficou 10% mais eficiente entre 2005 e 2016, alcançando melhora de 18% e 19% de eficiência energética nos setores residencial e industrial, respectivamente. Setores como serviços e transportes tiveram menor evolução, com ganhos de 4% e 8%, respectivamente.
Fonte: European Environment Agency (EEA)
É nítido que o Brasil está evoluindo na questão de eficiência energética, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Para isso, é preciso investir fortemente em eficiência energética.
Por que investir em eficiência energética?
Investir em eficiência energética é vantajoso para todos. Do ponto de vista do Governo, é a oportunidade de reduzir as perdas do processo de produção e transmissão e minimizar as crises energéticas e, do ponto de vista das empresas e famílias, é a oportunidade de redução de custos que pesam no orçamento mensal. Por exemplo, o gasto do setor industrial com energia elétrica pode representar mais de 40% dos custos de produção e, segundo estudo da Associação Brasileira de Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), com a implantação de projetos de eficiência energética, a indústria e varejo poderiam economizar, respectivamente, R$ 4 e R$ 2,4 bilhões por ano.
Dessa forma, mostra-se evidente que a eficiência energética é uma grande oportunidade de redução de custos na indústria, especialmente em um momento em que a pandemia do Covid-19 impactou negativamente a receita de diversas empresas de todos os segmentos. Outra vantagem de projetos de eficiência energética é que não necessariamente exigem que as empresas invistam capital em forma de CAPEX, o que nem sempre é praticável. Há modelos de negócio onde é possível pagar o investimento em forma de OPEX com parte da economia de energia elétrica e ainda obter lucro sobre o investimento, não sendo necessário retirar dinheiro do caixa da empresa ou recorrer a financiamentos.
Eficiência energética na prática
Do ponto de vista técnico, os projetos de eficiência energética visam a redução do consumo de energia elétrica através da modernização das instalações e do parque fabril. De acordo com a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, no Brasil o tempo de vida médio de máquinas e equipamentos na indústria é de 17 anos em comparação com 04 anos na Alemanha e 07 anos nos Estados Unidos. As principais oportunidades de ganho estão na modernização de equipamentos como:
- Motores;
- Compressores de ar;
- Caldeiras;
- Iluminação;
- Climatização.
Os Selos do Procel também auxiliam na identificação dos equipamentos mais eficientes energeticamente, possibilitando uma maior autonomia na compra de equipamentos com fácil identificação visual dos equipamentos mais eficientes. No caso dos motores, é possível reduzir em até 30% o consumo de energia com a utilização de motores de alto rendimento. A troca de um sistema de climatização, por exemplo, pode reduzir o consumo de energia em até 50%. Além disso, é possível aderir ao mercado livre de energia e/ou investir em geração distribuída para reduzir ainda mais o custo com energia elétrica.
Essas ações de trocas de máquinas e equipamentos precisam ser bem planejadas e executadas, utilizando a metodologia de Gerenciamento de Projetos, para terem o resultado desejado. Além disso, os processos operacionais e produtivos das empresas precisam estar controlados e estabilizados para uma adequada medição do ganho de eficiência, ou seja, a empresa precisa ter uma boa gestão dos seus processos, com indicadores claros e corretos.
Muitas empresas recorrem a projetos de eficiência energética sem antes garantir a eficiência da produção e da operação. Isso acaba não atingindo os resultados esperados ou resultando em um custo mais elevado para a implantação do projeto. Nossa sugestão é investir inicialmente em eficiência produtiva e operacional, garantindo processos otimizados, para depois investir em eficiência energética. Dessa forma, os ganhos serão maximizados.
Entre em contato com a MERITHU para conhecer mais sobre Projetos de Rotina, Gerenciamento de Projetos, Otimização de Processos e Eficiência de Equipamentos (OEE).
Manter os custos e despesas sob controle é uma questão de sobrevivência para as organizações, sejam públicas ou privadas, e projetos de eficiência energética mostram-se essenciais para a redução dos gastos e para o desenvolvimento sustentável das empresas. Além disso, auxiliam na diminuição dos riscos de crise energética, visto que reduzem o consumo e amenizam as perdas energéticas do processo. Se a solução da crise hídrica é complexa e de longo prazo, no curto prazo precisamos garantir que o dever de casa está sendo feito para economizar o máximo possível.
Autores:
Gabriel Nunes
Atualmente é consultor Sênior na MERITHU Consultoria no Rio Grande do Sul. Durante os 8 anos de sua trajetória, auxiliou clientes e as empresas por onde passou a melhorar seus desempenhos, especialmente na área comercial, na elaboração de Estratégia de Crescimento, mapeamento de clientes potenciais, Planejamento de Marketing, Definição de Indicadores de Desempenho (KPIs), Desdobramento de metas, Pricing, Redesenho de Processos, Melhoria da Eficiência Específica dos Vendedores, Pesquisa de Marketing, Definição de Modelo de Atendimento por tipo de Cliente, Cobrança/Redução de Inadimplência. É graduado em Economia, pela UFRGS, MBA executivo em Finanças, pela FGV.
Antônio Hensel Costa
É consultor na MERITHU MERITHU Consultoria no Rio Grande do Sul. Durante seus 04 anos de experiência na indústria, atuou como supervisor de produção em abatedouros. Nesse período, desenvolveu projetos de PDCA, redução de custos, aumento de produtividade, além de atuar como mentor de grupos de melhoria contínua. Também foi consultor e gerente de consultoria na ITEP Jr. Consultoria Empresarial, empresa júnior do Centro de Tecnologia da UFSM. É Engenheiro Químico graduado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com mobilidade acadêmica na University of Sheffield (Inglaterra). Atualmente, cursa Pós Graduação em Energias Renováveis pela PUCRS.
Data de publicação: 14/07/2021