As cinco disciplinas fundamentais para desenvolver organizações que aprendem
Em um mundo em que a velocidade de adaptação e de evolução são vantagens competitivas tão fundamentais ao sucesso quanto porte, capital e força de marca, é imprescindível que as organizações sejam ágeis e dinâmicas na aprendizagem. Segundo a revista Fortune 500, que lista anualmente as 500 melhores e mais valiosas empresas do mundo, as organizações que aprendem (que dominam as 5 disciplinas fundamentais) serão as empresas mais bem-sucedidas do século XXI, inovando em todos aspectos humanos possíveis para uma organização.
Segundo Peter M. Senge, em sua obra “A Quinta Disciplina” (SENGE, 2010), as organizações que estão destinadas ao sucesso em seu futuro serão aquelas que descobrirem como cultivar nas pessoas o comprometimento e a capacidade de aprender em todos os níveis, desde o nível estratégico até a operação da empresa. Segundo a obra, essas serão as chamadas “organizações que aprendem”, capazes de desenvolver com maestria um time que tem sucesso nas relações e no aprendizado, fazendo com que sua empresa domine as chamadas 5 disciplinas fundamentais.
Neste artigo vamos conhecer um pouco mais os conceitos das 5 disciplinas fundamentais e como desenvolver uma organização que aprende.
O que é uma organização que aprende?
São empresas que estão continuamente expandindo sua capacidade de criar o seu futuro. Organizações que enxergam a importância de uma reestruturação dentro dela, com conceitos e modelos mentais que podem com certeza mudar a visão, da diretoria até seus colaboradores da operação, para não só atingir melhores resultados, como também um futuro próspero e longevo.
Ou seja, organizações que aprendem são empresas que melhoram constantemente por meio de cultura forte, resultados consistentes e recorrentes, se adaptando às crises. Também são locais onde colaboradores expandem constantemente sua capacidade de criar os resultados que realmente almejam.
Quais são as 5 disciplinas de uma organização que aprende?
- Domínio pessoal: está associado à capacidade individual dos colaboradores. Ou seja, a capacidade de cada indivíduo em direção aos resultados desejados com sua própria força de vontade.
O domínio dessa disciplina é um passo fundamental para o crescimento e aprendizado, uma vez que sujeitos com alto nível de domínio pessoal acabam por expandir sua capacidade de superarem desafios propostos. Isso ocorre com pessoas que buscam sempre o aperfeiçoamento e nunca estão satisfeitas com sua aprendizagem até àquele momento.
Quanto maior for o domínio pessoal de cada colaborador, maior será a efetividade deles e da própria empresa em engajar as pessoas para que possam alcançar as metas definidas.
- Modelos mentais: são “pressupostos profundamente arraigados, generalizações, ilustrações, imagens ou histórias que influenciam nossa maneira de compreender o mundo e nele agir.” (segundo Peter Senge). Ou seja, o ser humano raciocina através de modelos, podendo formar diversos padrões para ver a realidade e utilizá-los para prever eventos ou fatos que ainda não aconteceram.
A partir do complemento das demais disciplinas, esses modelos mentais são talhados para que estejam presentes com tanta intensidade na realidade das empresas através do comportamento dos colaboradores, que reflitam uma real cultura da empresa.
- Construção de uma visão compartilhada: a visão compartilhada é fundamental para organização que aprende, ela sustenta o foco e a energia para o aprendizado com excelência, a partir de indivíduos com alta motivação, trabalho em equipe e alta produtividade (demais disciplinas). Além de estimular a coragem natural das pessoas (sair da zona de conforto), estimula o comprometimento dos mesmos.
Criar uma visão pode ser fácil, mas compartilhá-la e conseguir o engajamento da equipe de maneira contínua em direção ao futuro é certamente um desafio. Logo, é fundamental que essa visão seja um objetivo que contemple o desejo de todos colaboradores para que trabalhem não só pelo alcance de metas, mas pelo propósito por trás do alcance da visão compartilhada que deverá ser estimulada pelo compromisso com o longo prazo dos colaboradores.
- Aprendizagem em equipe: é um alicerce fundamental de uma organização que aprende. Sem uma linguagem compartilhada para tratar as dificuldades, a aprendizagem em equipe é limitada.
Em reuniões de negócios, o objetivo é realmente “correr contra o tempo”, ou seja, usar o mínimo de tempo para se chegar a melhor solução possível. Muitas vezes não aproveita-se a essência de uma conversa, e os benefícios que podem ser extraídos de encontros e reuniões, seja conhecendo as pessoas para se ter um maior entrosamento e conexão como equipe ou na relação cliente-vendedor ou para entender um pouco mais afundo o que está por trás das decisões tomadas pelos colegas. Deve-se olhar mais ao nosso redor, para perceber que as respostas para muitos problemas às vezes estão ao nosso lado, bastando apenas um pequeno gatilho para uma epifania de ideias
- Pensamento sistêmico: é a disciplina que permite mudar os sistemas com maior eficácia e agir de acordo com os processos do mundo natural e econômico. Em outras palavras, é a habilidade que um indivíduo adquire para analisar os eventos e suas possíveis consequências, com o objetivo de criar uma solução única que contemple as expectativas de todas as partes envolvidas.
Segundo Peter, para construir o pensamento sistêmico precisamos das quatro disciplinas. “Construir uma visão compartilhada estimula o compromisso com o longo prazo. Os modelos mentais concentram-se na abertura necessária para revelar as limitações em nossas formas atuais de ver o mundo. A aprendizagem em equipe desenvolve a habilidade dos grupos de buscarem uma visão da situação como um todo, que está além das perspectivas individuais. E o domínio pessoal estimula a motivação pessoal de aprender continuamente como nossas ações afetam nosso mundo”.
Uma das grandes coisas que impedem a formação e o aperfeiçoamento do pensamento sistêmico é um alto índice de rotatividade na companhia. Desse modo, com a lealdade na empresa comprometida ou em constante necessidade de aperfeiçoamento, a continuidade necessária para a formação do pensamento sistêmico fica danificada, sendo necessária a criação de uma cultura forte que estimule o aprendizado contínuo.
Como a desenvolver essas 5 disciplinas em uma empresa?
Para que uma empresa tenha um futuro próspero é necessário conseguir-se coerência entre os níveis estratégico, tático e operacional. Isso não será possível se os planos futuros da empresa estiverem claros para apenas poucas pessoas, como o CEO e a diretoria. Para que uma organização atinja seus resultados, é necessário despertar e cultivar o comprometimento e a capacidade de aprender em quaisquer níveis da organização. Transformar-se em uma organização que aprende.
Para que haja um domínio completo e uma evolução em todos os níveis, é fundamental ter metodologias eficientes e eficazes no controle de metas e ações que visam a melhoria da organização. Nesse sentido, duas soluções podem ser essenciais para que se alcance a excelência em uma empresa, rumo à uma organização que aprende: o Desdobramento de Metas e o Controle de Processos Críticos.
- Desdobramento de Metas: um dos fundamentos da gestão da qualidade total. Trata-se de colocar, para todos os setores da organização, metas desafiadoras e factíveis, que estimulam a evolução do time, bem como análises e Planos de Ação que incentivem as equipes a buscarem novos conhecimentos para resolverem os problemas de suas áreas.
Um correto desdobramento de metas garante que a organização desenvolva três disciplinas fundamentais: domínio pessoal, visão compartilhada e pensamento sistêmico.
- Controle de Processos Críticos: tem como objetivo romper a “visão de silo” das áreas, colocando metas funcionais (interdepartamentais) e desenhando modelos mentais da cadeia de agregação de valor de uma organização. A visão de processos garante que os times trabalhem multidisciplinarmente para resolverem problemas complexos de forma sistêmica (abrangente em suas causas e efeitos).
Controle de Processos garante a utilização de modelos mentais, incentiva o aprendizado em equipe e contribui para que os colaboradores tenham uma visão sistêmica do negócio.
A MERITHU tem como objetivo desenvolver pessoas, para formar organizações surpreendentes, e por isso vem ajudando cada vez mais empresas a implantarem essas soluções em suas estruturas, estimulando a absorção das cinco disciplinas em instituições que querem se transformarem em verdadeiras Organizações que aprendem.
Referências
– SENGE, M. PETER, A Quinta Disciplina: Arte e prática da organização que aprende 26ª Edição 2010, Rio de Janeiro, Best Seller.
– CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia a dia. 9. ed. Nova Lima: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2004.
– CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento pelas diretrizes: (Hoskin Kanri), o que todo membro da alta administração precisa saber para entrar no terceiro milênio. 4. ed. Nova Lima: INDG Tecnologia e Serviços, 2004.
Autores:
Elion Terra
Consultor Sênior da MERITHU Consultoria no Rio Grande do Sul. Durante sua trajetória profissional participou de projetos com foco na melhoria dos resultados operacionais em instituições públicas e privadas, envolvendo o redesenho de processos e estrutura organizacional, gerenciamento matricial de despesas e receitas. E? Economista formado pela UnB, com MBA em Gestão Escolar pela USP.
Marcelo B. Meirelles
É consultor na MERITHU MERITHU Consultoria no Rio Grande do Sul. Durante sua trajetória profissional, auxiliou na gestão de micro e pequenas empresas, sendo especialista na área de análise de performance, design organizacional e seleção de pessoas, trabalhando também com finanças, processos e gestão estratégica. Além disso, teve passagem pelo Movimento Empresa Júnior como consultor na ITEP Jr., empresa júnior de engenharia de produção da UFSM, onde foi especialista em gestão de processos, gerente de projetos, gerente de vendas e gerente da qualidade, ascendendo à Presidência em 2018. É graduando em engenharia química na UFSM